domingo, 29 de abril de 2012

william blake

                              


O PEQUENO VAGABUNDO

Mãe querida, mãe querida, a Igreja é tão fria;
Mas o Boteco, quentinho, é pura alegria!
No mais, é fato, aqui já estou acostumado;
Este hábito no céu não será tolerado.

Se ofertassem, porém, ali mesmo na Igreja,
Uma agradável lareira e alguma cerveja,
 A gente louvaria todo e qualquer dia,
E da Igreja ninguém jamais se apartaria.

Junto ao pároco, bebendo e pregando, então
Cantaríamos, aves soltas no verão;
Dona Descontente, sempre na igreja, sempre,
Não tinha os filhos tortos, privações, rebenque.

E Deus, feito um pai, assistindo à aventurança
De serem felizes como Ele suas crianças,
Com o Diabo e a pipa já não comprava briga,
Mas sim lhe dava um beijo e trajes e bebida.
                      
tradução: rodrigo madeira


THE LITTLE VAGABOND

Dear mother, dear mother, the Church is cold;
But the Alehouse is healthy, and pleasant, and warm;
Besides, I can tell where I am used well;
Such usage in heaven will never do well.

But, if in the Church they would give us some ale,
And a pleasant fire our souls to regale,
We´d sing and we´d pray all the livelong day,
Nor ever once wish from the Church to stray.

Then the parson might preach, and drink, and sing
And we´d be as happy as birds in the spring;
And modest dame Lurch, who is always at church,
Would not have bendy children, nor fasting, nor birch.

And God, like a father, rejoincing to see
His children as pleasant and happy as He,
Would have no more quarrel with the Devil or the barrel,
But kiss him, and give him both drink and apparel.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

2 crianças canônicas

                                                                                     

VELHICE

O netinho jogou os óculos 
Na latrina

(oswald de andrade)



A PUTA

Quero conhecer a puta.
A puta da cidade. A única.
A fornecedora.
Na rua de baixo
onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
e as labaredas torram a língua
de quem disser: Eu quero
a puta
quero a puta quero a puta.

Ela arreganha dentes largos
de longe. Na mata do cabelo
se abre toda, chupante
boca de mina amanteigada
quente. A puta quente.

É preciso crescer
esta noite a noite inteira sem parar
de crescer e querer
a puta que não sabe
o gosto do desejo do menino
o gosto menino
que nem o menino
sabe, e quer saber, querendo a puta.

(carlos drummond de andrade)    

quinta-feira, 26 de abril de 2012

literatura é infantilidade


* vídeo roubado do blog poeteias.blogspot.com.br
              


- Mas, se ser um escritor é ser culpado de alguma coisa, então para Kafka ou Baudelaire ser um escritor também é ser alguém que não é lá muito responsável. Essa era a opinião de suas famílias. Esta culpabilidade para eles é algo infantil. E você pensa que Kafka e Baudelaire sentiam-se culpados de ser infantis quando escreviam?

- Creio que isso fica muito claro, eles mesmos o dizem: eles sentiam que estavam na mesma situação de uma criança diante de seus pais. Uma criança que desobedece aos pais e que, consequentemente, tem a consciência pesada, porque pensa nos pais que tanto ama e que sempre lhe dizem o que não fazer, dizem que aquilo é mal, no sentido mais forte da palavra.  (georges bataille)

*

O trecho acima me fez lembrar a primeira vez que assumi em voz alta: sou poeta!
Meu pai, coberto de razão, disse-me o seguinte: poeta, não, você é punheteiro! Vai estudar, moleque!    

terça-feira, 24 de abril de 2012

exercícios de caligrafia

                                              
meus 8 anos
                   
mas se o vento de hoje ainda balança
o balanço enferrujado da infância
                                                                            
                                                                                                                                   
meus 10 anos
       
meu pai tá chegando em casa
judiei do gato, quebrei o armário, comprei fiado
meu pai tá chegando em casa
dormi nos livros, fugi da aula, zerei em matemática
meu pai tá chegando em casa
mijei no vaso, chutei no saco, roubei 10 mil cruzados
meu pai tá chegando em casa
sujei o pátio, menti de novo, bolinei minha prima na escada
meu pai tá chegando em casa
xinguei meu pai, cuspi no assoalho, subi no telhado
meu pai tá chegando em casa

          
meus 11 anos

punhetinha quando bate
esparrama pelo chão
menininho quando dorme
põe a mão no coração
                    
            
meus 11 e 1/5

[pelo buraco da fechadura]

as meninas ingê-
nuas se tocavam

e o rodrigo madeira também.

(elas se riam)
foi o meu primeiro libertinamento

       
meus 12 anos
       
será que Deus, acima dos pastos e pássaros,
assistia ao menino no lavabo?
           
                                                                        
meus 32 anos
 
ainda pego minha inoxidável caloicross e volto pra casa: só pra dar uns cascudos no rodrigo madeira.

*
volto a foz do iguaçu com uma ou duas palavras ingênuas e precisas: pra que o rodrigo, coitado, não fique pra sempre emudecido diante da marcelinha.

*
volto pra roubar aquele vinil  (HELP!), bem melhor que minha coleção de guarânias. foi o primeiro disco que me fez a cabeça. meu irmão, de puxa-sádico, nunca quis que eu ouvisse.
          
já era, mano veio! roubado não é achado!, desafinarei, pedalando alucinado minha bicicletinha. vou ouvir i've just seen your face até virar um besouro.

*
[hontem]

o homem de cócoras lava o rosto, se sacia – errando sozinho pela infância – nas poças de sol que as paineiras filtram.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

vai tomar no cu, alfredo!

                                         
                                         (Cinema Paradiso, giuseppe tornatore, 1988)

sábado, 21 de abril de 2012

mário quintana

       
O CIRCO, O MENINO, A VIDA

A moça do arame
equilibrando a sombrinha
era de uma beleza instantânea e fulgurante!
A moça do arame ia deslizando e despindo-se.
Lentamente.
Só pra judiar.
E eu com os olhos cada vez mais arregalados
até parecerem dois pires.
Meu tio dizia:
"Bobo!
Não sabes
que elas sempre trazem uma roupa de malha por baixo?"
(Naqueles voluptuosos tempos não havia maiôs nem biquínis...)
Sim! Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos virgens
segredava-me
sempre:
"Quem sabe?..."

Eu já tinha oito anos e sabia esperar.

Agora não sei esperar mais nada
desta nem da outra vida.
No entanto
o menino
(que não sei como insiste em não morrer em mim)
ainda e sempre
apesar de tudo
apesar de todas as desesperanças,
o menino
às vezes
segreda-me baixinho:
"Titio, quem sabe?..."

Ah, meu Deus, essas crianças!
               
             
                  MÁRIO QUINTANA

quinta-feira, 19 de abril de 2012

                  
             (I Clowns, federico fellini, 1970)                                                 


MANUEL,

não só crianças, passarinhos
e andarilhos, cães vira-latas incluídos,
tem o dom de ser poesia.

(longe de mim querer ensinar 

o palhaço 
a rezar 
uma farsa de missa 
ou as crianças 
a colocar 
tachinhas
e atirar pedras 
nos sapos comer
lírios)  

se você não me disse, 
você mesmo me diria:
 os palhaços, os acrobatas,
as bailarinas também 
tem o dom de ser poesia.

tudo é riso e risco.

em minha infância
fugirei sempre com o circo
                         
                                                                 
* poema reescrito (sol sem pálpebras, 2007).
"os andarilhos, as crianças e os passarinhos têm o dom de ser poesia." (manuel de barros, memórias inventadas: a infância, 2003.)               
       
(Uma amiga me perguntou por que fico postando poemas de infância de outros autores. Ora, porque são poemas da minha infância. Porque minha infância é maior que minha poesia, porque minha infância é maior que minha vida. Minha infância é também uma invenção dos outros.)
               

quarta-feira, 18 de abril de 2012

3x manuelzão

               
    arte de martha barros
               
                
Não precisei de ler São Paulo, Santo Agostinho,
São Jerônimo, nem Tomás de Aquino, nem São
Francisco de Assis – 
para chegar a Deus.
Formigas me mostraram Ele.

(Eu tenho doutorado em formigas.)

***

Prefiro as linhas tortas, como Deus. Em menino eu sonhava em ter uma perna mais curta (só pra poder andar torto). Eu via o velho farmacêutico de tarde, a subir a ladeira do beco, torto e deserto... toc ploc toc ploc. Ele era um destaque. Se eu tivesse uma perna mais curta, todo mundo haveria de olhar para mim: lá vai o menino todo torto subindo a ladeira do beco toc ploc toc ploc. Eu seria um destaque. A própria sagração do Eu.

***

Remexo com um pedacinho de arame nas
minhas memórias fósseis.
Tem por lá um menino a brincar no terreiro:
entre conchas, ossos de arara, pedaços de pote,
sabugos, asas de caçarolas etc.
E tem um carrinho de bruços no meio do
terreiro.
O menino cangava dois sapos e os botava a
puxar o carrinho.
Faz de conta que ele carregava areia e pedras
no seu caminhão.
O menino também puxava, nos becos de sua
aldeia, por um barbante sujo umas latas tristes.
Era sempre um barbante sujo.
Eram sempre umas latas tristes.
O menino é hoje um douto que trata
com física quântica.
Mas tem nostalgia das latas.
Tem saudades de puxar por um barbante sujo
umas latas tristes.

                         
                          MANUEL DE BARROS

terça-feira, 17 de abril de 2012

                                                                             
És uma formiga e carregas a infância maior do que o teu peso. 

                                   CARLOS NEJAR

celso viáfora

                                 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

rollo de resende

           
estava nublado e o sol
            só veio muito depois:
um dia, meu pai levou-me
            a uma roda-gigante
com a intenção de me mostrar
            o mundo.

                             
ROLLO DE RESENDE (1965-1995)

sábado, 14 de abril de 2012

                        
            
* ennio morricone por hamilton de holanda

sexta-feira, 13 de abril de 2012

paul celan

                      
MUDOS AROMAS outonais. O
mal me quer, intacto, passou
entre lar e abismo pela
tua memória.

Um estranho abandono estava
ali, palpável, e terias
quase
vivido.
               
tradução: cláudia cavalcanti
                                           
                       
STUMME HERBSTGERÜCHE. Die
Sternblume, ungeknickt, ging
zwischen Heimat und Abgrund durch
dein Gedächtnis.

Eine fremde Verlorenheit war
gestalthaft zugegen, du hättest
beinah
gelebt.
      

quinta-feira, 12 de abril de 2012

dois de nós

                             
       

DOIS DE NÓS
(Lennon/ McCartney)
                            
Dois de nós dirigindo a parte alguma
Torrando a bufunfa
Suada de alguém
Dois de nós no domingo, pisando fundo
Sem chegar nunca
No caminho de volta pra casa
Estamos indo de volta pra casa
De volta pra casa

Dois de nós mandando postais
Escrevendo cartas
Na minha parede
Você e eu queimando fósforos
Abrindo fechos  
No caminho de volta pra casa
Estamos indo de volta pra casa
De volta pra casa

Você e eu temos lembranças
Mais longas 
Do que a estrada que se perde
Adiante

Dois de nós em capas de chuva
Malvistos, cada um na sua
Sob o sol
Dois de nós perseguindo papéis
Pelas ruas
Chegando a parte alguma
No caminho de volta pra casa
Estamos indo de volta pra casa
De volta pra casa
             
traição: rodrigo madeira

quarta-feira, 11 de abril de 2012

         
pequeno pequeno pequeno
Mas já forceja de sol a sol o sísifo interior, das coisas ajuntadas e dividas por desrazão, em categorias. Taxônomo pré-mirim, compila selos sem ter selos e borboletas sem borboletas. Chora, para, sorri. Talvez seja o maior, e o menor, colecionador de coisas invisíveis em todo o universo. Leiloou na imaginação e sai adquirindo: marafonas que falam, trapos de nuvem, armas para a guerra aos irmãos, namoradas das folhas de revistas, monstros de césio, roupas ideais das matinês de carnavais, ave-marias aos domingos, cães de montaria, cantigas de dormir, desaforos, ouro do nariz, frieiras e verrugas, formigas e apocalipses, trevos estrelas urtigas, lençóis floridos, bichos sob a cama, pedras de rios que não passaram, buracos de fechadura.
                                                               
Coleciona os dias, um maior que o outro, um mais novo que o outro, mais bonito.
                                              
A mãe chama para o jantar. Ele não vai. Não pode perder a conta de seu tesouro. A mesada foi toda gasta em bala-chiclete e, mastigando, trabalha o raciocínio: “Um dia vai valer uma fortuna. Vou trocar por um baú de moedas. Vou enterrar numa ilha deserta. Vou fazer um mapa”. Não atina com a possibilidade de perder, mais do que os álbuns da coleção, perdidos em si, o ânimo de colecionar impossibilidades.
                                         
Certamente vale muito, certamente só dá pra isso: os olhinhos acesos no rosto do homem e uma saudade que atravessa a rua.

(pássaro ruim, 2009)

terça-feira, 10 de abril de 2012

antónio lobo antunes

         
        [...]
        Sempre que vou jantar a casa de meus pais saio de lá com a infância atravessada (...) A infância atravessada é pior que uma espinha: a gente engole bolas de pão e não passa. Talvez seja por isso que vou a Benfica uma vez por mês se tanto e que quando lá vou me sinto como um cão à procura de um osso que julga ter enterrado e afinal de contas não existia osso nenhum. Um osso que mesmo assim procuro até me arderem os olhos. Como me procuro nos álbuns de retratos. Como me procuro debaixo da minha cama
           (está lá, a minha cama)
        como me procuro no quintal, na figueira do quintal, no sítio em que havia o poço, em que havia a capoeira, de modo que depois do jantar fico no automóvel a ver o muro, o portão com um ananás de cada lado, as janelas trancadas, a copa escura da acácia porque é noite. Se calhar é sempre noite quando a gente cresce. Fico no automóvel à espera que a minha mãe me chame e sabendo que não me chama porque julga que me fui embora. Realmente fui-me embora. Para sempre.
         
* da crônica "António João Pedro Miguel Nuno Manuel" 
[Antunes, António Lobo. As coisas da vida: 60 crônicas/ António Lobo Antunes. - Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.]  

segunda-feira, 9 de abril de 2012

gullar (II)

                   
ANTICONSUMO

Como vai longe o dia, Maninho,
em que a gente podia ser comum

Entre ervas burras, folhas molhadas de mamona
e salsa
a gente podia ser
simplesmente
nossas mãos nossos pés nossos cabelos
e o que queimava dentro
no escuro

Como vai longe o tempo como as águas
batendo na amurada
                              alegremente
como os peixes
vivendo no seu músculo
o mistério do mundo
 
                         
                          FERREIRA GULLAR

sábado, 7 de abril de 2012

falcão (II)

                               
LADRÕES DE CANETA

A caneta com a qual escrevo
é presa por amarras como nas casas de comércio
onde não se levam canetas
nem se faz delas o que se quer
as amarras de minha caneta
têm a distância do meu passado

Queria ter a coragem e a astúcia
daqueles meninos que roubam canetas
não aqueles que delas precisam
mas os que roubam apenas
para desafiar o fio que os prende ao passado

                                           
                               EDSON FALCÃO

quinta-feira, 5 de abril de 2012

miguel sanches neto

                                                               
LIGAÇÃO

Súbito me lembro de um antigo telefone.
Seu número irrompe em minha memória
e não sei de quem é, nem quando nem onde,
sei apenas que é um endereço que dói.

Disco sem esperança estes dígitos antigos
e então ouço chamar numa casa no tempo
à qual me prendo pelo cordão do umbigo
que não pode ser cortado a contento.

Através de um fio imaterial me religo
às ruínas de uma infância só mito.
Do outro lado alguém atende o telefone

e a voz que me chega por este conduto
é a da criança que tem o meu nome,
é a que perdi quando me tornei adulto.

                                       
                             MIGUEL SANCHES NETO   

quarta-feira, 4 de abril de 2012

cabral (II)

                       
MENINO DE ENGENHO

A cana cortada é uma foice.
Cortada em ângulo agudo,
ganha o gume afiado da foice
que a corta em foice, um dar-se mútuo.

Menino, o gume de uma cana
cortou-me ao quase de cegar-me,
e uma cicatriz, que não guardo,
soube dentro de mim guardar-se.

A cicatriz não tenho mais;
o inoculado, tenho ainda;
nunca soube é se o inoculado
(então) é vírus ou vacina.

                             
                        JOÃO CABRAL DE MELO NETO

terça-feira, 3 de abril de 2012

aulas de solidão (12)

         
Receita para se fazer um poeta : "Todas as neuroses que a criança aguentar."
                                                                                                                             
                                                                                       W.H. AUDEN

segunda-feira, 2 de abril de 2012

"o azul de antes"

                          


* entrevista concedida a bárbara lia (Cronópios, 16/11/2008)
             
       
Estamos todos exilados na infância? (...) A infância está sempre à porta dos seus poemas pedindo para entrar? Os escritores e poetas estão sempre exilados no azul de antes?
             
A infância está em tudo. Em cada gota de sangue e de tinta. Assim como o cadáver. Tenho muito o que aprender com o menino que fui. 
Gosto de reinventar minha infância, às vezes desbragadamente, o que aliás todo mundo faz em menor ou maior grau, com total dedicação à verdade. Quantas vezes a criança inventou o adulto? Bombeiro, jogador de futebol, trapezista. Eu escrevi isso num raro lance de lucidez: “minha infância eu a invento enquanto lembro”. Eu era uma criança particularmente mentirosa. Pergunte pros meus pais. Escrever é também niná-la ou repreendê-la. No nosso universo psíquico a coisa funciona sem muita linearidade. A criança de 8 anos sussurra algo para o rapaz de 17. O homem de 25 consola o adolescente de 14. É assim que se passa. Portanto, creio que ainda estou inventando minha infância. 
Agora, é um exílio. Não acredito em vida após a morte. Acho que percorremos este caminho do ventre materno ao útero da Mãe Terra. Neste intermeio, somos cuspidos de exílio em exílio: do ventre, da infância, da adolescência, da mocidade, da madureza e, por fim, da vida. Quando nos sentimos em casa, o tempo nos lança numa nova zona de estranhamento. O paraíso só existe quando o lamentamos.
Mas não creio que a infância, apesar de mágica e mítica, apesar de “impregnada de eternidade” (m. bandeira), seja um período necessária ou integralmente feliz. A infância não é um paraíso perdido. Há muita tristeza também, muito medo, brutalidade e insegurança. Um filme lindíssimo do Carlos Saura, “Cría Cuervos”, fala bem sobre isso, sobre  a morbidez, ainda que ingênua, que pode haver na infância. O menino também tem muito o que aprender com o homem.
   
*
para ler a entrevista na íntegra