*
até quando encontrar
seus fios de cabelo
no meio dos meus
livros?
*
agora
imagine
uma
caixa
torácica
de
bom
tamanho
acústica
saudável
onde
pulsasse
bem-
acondicionado
do
lado
esquerdo
do
peito
um
baço.
*
outro dia mesmo,
vadiando as gavetas,
topei com uma de suas
costelas.
o que um dia foi pra
mim
lua crescente, pente,
bumerangue de marfim
(e – ainda – quantas
vezes
arco para violinos
genoveses?),
hoje é apenas um
souvenir
de timbuktu.
*
talvez depois sorrissem, se um deles
perguntasse, patético, aturdido,
na noite exumada:
o único osso
que restou de nosso
amor decomposto
é a lua,
essa mesma lua
linda lá no alto?
*
(não que fosse aquela nudez
o primeiro alumbramento.)
você lembra?
ali parados, o coração
batendo,
surrados
por uma corja de
borboletas.
*
não é o tempo, necessariamente.
não é da alçada dos relógios.
o vento
é que comove as árvores, despenteia
o móbile das lembranças.
aturdido
ResponderExcluirmuito bom encontrar textos assim, que nos invadem e se alojam, de alguma forma, sob a pele. muito raro também.
ResponderExcluir