quinta-feira, 3 de novembro de 2011

notícia de cartagena de indias

                                                                                                                          oswaldo guayasamín

 
LEPROSO

Todos temos algo de leproso,
Desprende-se a pele de nossas lembranças,
Perdemos a cabeça ou a flor das desculpas,
A dor da ausência nos desfolha,
Morremos de vergonha.
Esquecemos, sei que todos esquecemos,
Que nossa história fica truncada,
Que deixamos os sonhos e as saudades
Grudadas à gaze dos dias.
Todos vamos nos desintegrando,
Deixamos nos lençóis ou na roupa alheia
Uma carícia, uma lágrima,
Um poema, uma canção,
As palavras de amor, as mentiras,
E quando as bocas se unem
Deixamos o mel do abraço
Espalhado no pão de outra língua.
Todos temos algo de leproso,
Mas não nos dão moedas
Nem nos enviam a um lugar comum para nos fazermos 
                                                 companhia;
Não causamos pena,
Explodimos de alegria
Ou nos contorcemos de dor,
Nossas chagas não são iguais,
O que as cura é o algodão da lua.
    
                     FEDERICO CÓNDOR (Bogotá, 1959 -    )
                                   
tradução: rodrigo madeira e lu cañete 
     

LEPROSO
           
Todos tenemos algo de leproso,
Se nos desgaja la piel de los recuerdos,
Perdemos la cabeza o la flor de las disculpas,
El dolor de la ausencia nos deshoja,
Se nos cae la cara de vergüenza.
Olvidamos, sé que todos olvidamos,
Que nuestra historia se queda trunca,
Que dejamos los sueños y las nostalgias
Pegados a la gasa de los días.
Todos nos vamos desintegrando,
Dejamos en las sábanas o en la ropa ajena
Una caricia, una lágrima,
Un poema, una canción,
Las palabras de amor, las mentiras,
Y cuando las bocas se unen
Dejamos la miel del abrazo
Esparcida en el pan de otra lengua.
Todos tenemos algo de leproso,
Pero a nosotros no nos dan monedas
Ni nos destinan a un lugar común para hacernos
                                      compañía;    
No damos lástima,
Estallamos de alegría
O nos desgarramos de dolor,
Nuestras llagas no son iguales,
Nos las cura el algodón de la luna.
                      

2 comentários:

  1. sempre existem camadas destruídas no rosto da existência...o leproso que há em nós, se chama a dor de não mais sermos a ilusão de um absoluto ; a moléstia, a morféia, a lepra de sermos o irreconhecível,o aço impiedoso por detrás do espelho!

    T.S.

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