quinta-feira, 21 de julho de 2011

                                          
foto: ricardo pozzo












Uma gaivota
surgiu na praia

                                      planou 15 segundos
                                      diante dos meus olhos

o mesmo tempo
que um menino leva
para viver a infância

ela quis me dizer algo
algo em mim quis me dizer algo
à visão
telúrica mais que angélica
da gaivota

mas ela se foi
súbito como se eu
lhe desse as costas

e nunca mais fui à praia
ou vi uma gaivota

o que quer que tenha dito
eu não ouvi
                 

8 comentários:

  1. que lindo, Rodrigo...
    adoro seu blog.

    beijo

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  2. me lembrou a máquina do mundo, do drummond!
    grande abraço!

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  3. valeu, daniella. seu blog é dez. gostei muito.

    bem lembrado, otávio. sou ética e esteticamente aparentado com o drummond.
    mas este meu poema é, na melhor das hipóteses, uma maquininha do mundo. de 1,99. made in matinhos.

    abração.

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  4. mas a foto é made in joaquina/ sc!


    rp

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  5. mas eu, particularmente, prefiro quando você é ética e esteticamente aparentado com o lorca!


    rp

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  6. eu, o comentarista quanto mas...


    rp

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  7. [mas] pra quem não sabe, a praia da joaquina fica na antiga ilha do desterro, atual florianópolis!

    rp

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  8. Era um grande pássaro. As asas estavam em cruz, abertas para os céus.
    A morte, súbita, o teria precipitado nas areias molhadas.
    Estaria de viagem, em demanda de outros céus mais frios!
    Era um grande pássaro, que a morte asperamente dominara.
    Era um grande e escuro pássaro, que o gelado e repentino vento sufocara.
    Chovia na hora em que o contemplei.
    Era alguma coisa de trágico,
    Tão escuro, e tão misterioso, naquele ermo.
    Era alguma coisa de trágico. As asas, que os azuis queimaram,
    Pareciam uma cruz aberta no úmido areal.
    O grande bico aberto guardava um grito perdido e terrível

    (''ERA UM GRANDE PÁSSARO'')

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