quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

breviário das moscas

               
monomaníacas,
lindas como os rouxinóis:

as moscas.

infatigáveis,
insuportáveis,

abertas às febres
todas, todos os modos (e cheiros, sabores)
de vida e morte.

benditas sejam
as moscas!

mais vivem do que
pousam,
mais vivem do que
voam.

a teimosia feroz, a algaravia,
as filigranas de saliva,
únicos filamentos
do brio.

voltar sempre, como
uma alma penada,
um cão com fome,

um homem,

atordoado inseto
em redor do sol.

um homem
que, afogando-se 
no ar, na baba espessa de enigmas, na
ígnea ignorância de amar,

quer porque quer

viver
por viver. 

                                     
(pássaro ruim, 2009)
* poema revisitado

2 comentários:

  1. já um clássico madeirístico!

    rp

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  2. só ser for um crássico, ricardim: um clássico crasso.
    abs.

    r.m.

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