sábado, 19 de janeiro de 2013
rancho das varejeiras
amor tão grande, nunca visto,
beijar sempre os lábios do lixo.
a enxaqueca canora, o vício
em restos sem qualquer espírito.
o despejado no esquecido:
xepas, trapos, cacos de vidro;
o descartado e sem amigo:
laranjas podres, corpos findos;
o desdentado e absurdo lírio
mais legumes envilecidos.
tipo assim, floreira de esquina,
desastre calmo, entardecido,
lhes oferta o monturo ainda
(que importa o minério da sílaba?)
herói, amada, estrela extinta:
sem nojo, o despojo de um livro.
suguem, moscas! ou melhor, libem
o caldo pouco da poesia.
(o latim das moscas)
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