segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

uma oração (quase) franciscana

                 
             
IRMÃ MOSCA, depositai em minha
lírica, em minha boca, vossos
ovos (vossos ossos de
saliva)

IRMÃ MOSCA, que eles eclodam
mal e mal persistam

às alegrias
e alergias

à vontade
e à voragem

que multipliquem-me na
língua, entre as margens

monocordi-
                comovidas

                as canções de vossas e de minhas
brev
vvvvvvvvvvvvvvvvvvv
idades
                 

2 comentários:

  1. invertebradas sussurrantes, sussuram a não eternidade, varejeiras do sempiterno vazio, esnobam os aedes egipcios em cadávares insepultos; ah esta brevidade, este louvor; irmão lodo, irmã palustre, cinjo no meu hábito, borel do escárnio, os votos de impertinência, fealdade e luxúria; despiciente aos zumbidos, sou uma juventude agostiniana, confesso.

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  2. irmão tullio,
    améinnnnnnnnnnnnnnnnnnnn...

    moscas, ó moscas,
    bailarinas de baudelaire!

    embora eu ache que estejamos bem mais para baudelairianos (e sua estética do ignóbil), é bem verdade que muitos dos ascetas tendem a ver nos seres repelentes, nas pulgas, moscas, larvas e piolhos, verdadeiras "pérolas de deus". e a poesia, pra quem tiver fé (às vezes eu tenho!), não deixa de ser uma tipo de ascetismo, autodisciplina em direção à Vida e à Morte, ao Horror e à Beleza.

    r.m.

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