numa cidade vazia.
nenhum carro circulava,
alma alguma vinha ou
ia.
mesmo o sol estava
às moscas,
quer raiasse ou se
pusesse,
como uma poça de
urina
que às moscas tanto apetece.
o mendigo estava às
moscas
e da mosca se
diria
que nervosa,
pouso-e-voo,
os farrapos lhe
cerzia.
mesmo o livro estava
às moscas,
esquecido em
prateleira,
como as frutas já
passadas,
como um rio parado
cheira.
e também a História
às moscas,
sem desastre,
troias, glória,
que, se um deus
recordaria,
moscas não retêm
memória.
poemas enfim às
moscas,
prelibando o próprio
Nada,
lambendo a palavra flor
na folha
despetalada...
e as moscas cobriam
não
o que morto era
estragado;
elas não velavam
mortes,
e sim um sono
agitado:
poemas, História,
livro,
mendigo, sol,
avenida
despertaram já
intranquilos,
moscas de fome
renhida.
pois que um viscoso
melaço
é como escorre-se o
dia:
um nojo, um
refestelar-se,
desperdícios,
alegria.
porque assim se
escorre a vida,
doce melaço de
travos:
desprezivo que
delícia,
raro e reles, fezes,
favos.
ótimo poema, quase um retorno aos vosso estilo primevo, porém mais elaborado do que já elaborados eram.
ResponderExcluirsempre que ouço moscas zunirem em meu quarto [geralmente solitária] sinto me em áden, na impossibilidade de suportar o cáustico sol que faz ranger nosso ocidente sifilizado pelo colonizador português.
rp
zumbindo bem esse [e os outros, sim, mas esse zumbe mais......zzzzzzzzzzzzz
ResponderExcluirzzzzzzzzzzz pra vc tbm, ivan. e um abç.
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