parênteses (sobre os miolos moles que "recepcionaram" yoani sánchez)
Esquerdistas radicais – via de regra radicalmente manipuláveis – são pugilistas dignos de pena: toda vez que atacam com a Esquerda, deixam flagrantemente aberta sua Direita.
muito boa a entrevista, rodolfo. impressionante a lucidez da yoni. a lucidez e a serenidade.
tbm me chamou a atenção a bateria - algo desesperada - de perguntas feitas pela jornalista da "carta capital". nitidamente, é alguém que tenta se agarrar com unhas e dentes aos clichês mais repisados da situação política em cuba.
creio que existem direitos que devem ser inalienáveis. (e a liberdade de opinião e expressão é um deles.) não são direitos divinos nem naturais - segundo acreditavam os teóricos do absolutismo monárquico e john locke, respectivamente; são direitos humanos, inventados pelos homens, para proteger-nos uns dos outros e para salvaguardar o indivíduo em face das arbitrariedades dos estados autoritários. inventamos esses direitos porque eles precisavam ser inventados.
me espanta ver artistas e pensadores (a começar lá atrás, por sartre) defendendo regimes que rarefazem insuportavelmente o ambiente intelectual, que cortam o próprio oxigênio de qualquer atividade intelectual: a liberdade de pensamento.
e dizer isso não tem nada a ver com defender os estados unidos - como a entrevistadora da cc parece a todo momento insinuar -, nem tampouco é uma defesa do "capitaclismo" e da fetichização mercadológica da vida.
como disse gullar numa entrevista recente (e como pensavam tanto hayek quanto keynes), o capitalismo é superior porque é produtivo, dinâmico, vivo, fruto de sonhos e pesadelos, da inquietude, da curiosidade, do desejo humano de prosperar; não é uma teoria de gabinete criada por um único filósofo. (platão estava errado: o sábio, o filósofo no poder é mais perigoso do que qualquer poeta.)
é verdade que o capitalismo, se ficar solto, totalmente à vontade, "suga a carótida da própria mãe" (gullar). se não houver quaisquer "freios e contrapesos" tbm econômicos, o capitalismo, como tantas vezes acontece, transforma o homem numa commodity mais desvalorizável do que a bauxita.
no entanto, o que muitos parecem não perceber é que, afora as absorções tópicas de noções ou reivindicações socialistas que revolucionaram o capitalismo por dentro, a democracia e as liberdades individuais são inconciliáveis com o fim da propriedade privada e da livre iniciativa. exceto pelos momentos eufóricos e incendiários - ou detonantes, nas palavras de yoani - das revoluções socialistas em seus primeiros momentos, o autoritarismo está desde sempre em seu DNA. o mesmo se dá com as revoluções religiosas radicais (o irã, por exemplo). é simplesmente impossível planificar espiritual ou economicamente uma sociedade sem suprimir liberdades individuais.
já o capitalismo, ao contrário, é um modo de produção mais do que uma ideologia, e portanto é muito mais adaptável e passível de autocorreções.
conceitos como esquerda e direita se tornaram realmente insuficientes para abarcar a complexa realidade do mundo pós-guerra fria. defender o socialismo (ir)real já não tem nada a ver com ser de esquerda. se tomamos a direita como a ala conservadora, aquela que deseja a todo custo e a toda força preservar o "status quo", então yoni sánchez está à esquerda, muito à esquerda de fidel e raúl castro.
rodrigo, vc sabe que discordo no fundamental, mas concordo nos detalhes. é difícil diferenciar, na teoria, direita de esquerda, mas na prática fica fácil. e o governo castrista é - hoje - de direita, sem dúvidas.
sobre o ativismo de yoani, tenho muitas reservas, embora louve sua lucidez e coragem.
estive em cuba (com a grana daquele premio literario fui molhar minhas canelas nas águas mais azuis do mundo)e o breve contato - 15 dias - fez mudar muito minha opinião. nem tudo é inferno, como pinta a mídia internacional, nem tudo é paraíso, como reza a ladainha de nossa esquerda envelhecida: é tão difícil ficar rico em cuba quanto morrer de fome.
mas o certo é que um estado socialista (e não um governo socialista) pode e deve manter uma economia de mercado - o que é diferente de um estado capitalista que não impõe limites à acumulação. é neste sentido que eles estão apontando, fazendo o movimento contrário dos países europeus: descontruirão o socialismo para construir uma social-democracia. embora saibamos que a democracia ocidental está longe, muito longe de cuba. o problema do estado cubano, você saberá, é a dificuldade de produzir riqueza, não por falta de capital (o estado é o grande capitalista), mas por falta de um mercado interno e tb por causa das relações comerciais internacionais travadas pelo embargo ianque.
além disso, a democracia que eles conheceram, com assembléias de bairro, comunitárias, e mesmo aquela interna ao partido, ruiu-se com a pobreza e a corrupção. com isto, o unipartidarismo, além de perder sua eficácia, perdeu legitimidade. mas o mais sério é isto: como manter a independência política ao lado do império? como não ser haiti (miserável) ou porto rico (protetorado)?
o regime só se manteve porque, ao longo de toda a guerra fria, em que o o ocidente financiava o bem-estar ianque, ou do neo-liberalismo dos anos 80 e 90, em que os estados nacionais latinoamericanos foram desmontados, o povo cubano desejava independência.
os anos passaram, e só independência não bastou, como se vê. o povo deseja produzir riqueza e dela gozar. este é o momento cubano: produzir riqueza, melhorar de vida. retomar a riqueza dos anos 70.
o estopim da pobreza foi o dito período especial, que vai de 90 a 94 (vide juan-pedro gutiérrez - la trilogía sucia de la habana).
o governo está reformando a economia e os códices civil e trabalhista. em alguns anos veremos o resultado. mas o que desejamos - e aí fazemos coro com yoani - é que a democracia chegue logo em cuba, mas que com ela não venha a perda de soberania. vamos ver como os caras (a geração cubana que é nossa conteporãnea) resolvem esta parada.
bom, a conversa poderia ir longe, mas estou escrevendo à medida que penso, e o mais provável é que as idéias fiquem desconexas e abundem as imprecisões.
de todo modo, devo dizer que concordo com a tese de que a propriedade privada esteja diretamente ligada às liberdades individuais não materiais (liberdade de pensamento e expressão, religiosa, de gênero e sexual, liberdade de ir e vir, de morrer). mas devemos encontrar mecanismos (por dentro e por fora do estado) para evitar descompassos entre a riqueza material dos indivíduos: a acumulação infinita (estou falando em bilhões de dinheiros) é tão tirana quanto um estado senhorial.
com certeza, rodolfo. a alemanha oriental era o paraíso na terra se a compararmos à inglaterra oitocentista. o capitalismo, quando desregulamentado e selvagem, pode produzir distorções absurdas e perigosas. no entanto, é o menos pior dentre todos os modos de produção das sociedades complexas (modo de produção asiático, feudalismo, mercantilismo absolutista ou socialismo). simplesmente porque dá margem à mobilização individual ou coletiva para produzir, por mais penosas que sejam, mudanças significativas.
o socialismo – que, aliás, nem existe mais – era um equívoco completo. um xifópago batendo suas duas cabeças: a ineficiência econômica e o autoritarismo político.
quanto aos seus comentários, quero fazer duas ressalvas. em primeiro lugar, é fato que em cuba dificilmente se morre de fome. isso, porém, tbm é verdade em países como a suécia ou a coreia do sul, países capitalistas e democráticos, além de ricos, livres e modernos. além disso, a ausência de famintos pelas ruas não é um atributo do socialismo; pelo contrário: dezenas de milhões de pessoas morreram de fome na china, no camboja e na coreia do norte comunistas.
tbm discordo da suposta independência de cuba durante a guerra fria. cuba era totalmente dependente da união soviética, o outro império - a tal ponto que fidel castro aplaudiu, como nos lembra yoani, a invasão da república tcheca que pôs fim à primavera de praga. O regime cubano era sustentado militar e economicamente por moscou – além dos armamentos, comprava petróleo subsidiado e vendia seus commodities a preços bem mais altos do que os praticados. cuba foi dependente do império soviético como o brasil, por exemplo, jamais dependeu dos estados unidos.
para mim, é clara a razão principal para o apoio ainda existente (e apaixonado) ao regime castrista. não tem nada a ver com a educação ou a medicina universal e relativamente boa, não tem nada ver com a ausência de pessoas famintas. o que excita as pessoas é o enfrentamento dos estados unidos. esse é um típico caso em que o mito – davi e golias etc – tornou-se bem maior do que a realidade. a aura heroica da revolução ainda seduz muita gente boa, que acaba perdoando a um regime ditatorial suas inúmeras violências. me parece ser essa a razão para que a repórter da cc pergunte, quando yoani falava sobre as violações de dtos humanos em cuba, o que yoani pensa das violações de dtos humanos em guantánamo. é muito louco ouvir isso! quando grande parte da esquerda se vê diante desse grande impasse que se tornou cuba, essa unha encravada da ideologia, tende a partir para a defensiva, caindo na velha mentalidade binária e maniqueísta. “ah, mas e os estados unidos!...” é como se condenar a ditadura cubana fosse automaticamente aprovar tudo o que os EUA fazem pelo mundo...
torço, como vc, por mudanças naquele país, por um choque democrático e pela abertura. e tbm acho que o embargo econômico, além de cruel com o povo cubano, tornou-se uma contraproducente estupidez. o embargo é o principal cavalo de batalha retórico para justificar a visão paranoica e megalomaníaca do regime castrista.
a conversa é longa mesmo, rodolfo. podemos marcar um café qq dia desses para conversarmos mais e melhor. postei a “boutade” acima porque fiquei horrorizado com o que alguns militantes fizeram com a yoani aqui no brasil. em alguns lugares, não a deixaram falar ou lançar seu livro. um absurdo, cara! lembrou o que a SA nazista, nos anos que antecederam à ascensão de hitler, costumava fazer durante os comícios do partido comunista alemão.
apos pesquisar um pouco, e devido a minha falta de opiniao formada no assunto (nem sempre uma virtude), um dos textos mais esclarecedores (ou nao rs) q encontrei foi o seguinte: http://200.169.104.103/news/view/_ed735_a_intolerancia_recepciona_yoani_sanchez
circula no youtube um video em q, por nao ceder a pressao para assinar papeis q nao tinha a menor obrigacao de assinar, sugere-se q yoani seria a favor do bloqueio dos eua, ao passo q ela mesma, salvo engano, diz ser contra, por ser a principal desculpa para o fracasso economico de cuba.
bacana o texto, otávio. é isso aí. foi um troço armado, teleguiado, com a participação de ratinhos leninista-pavlovianos... foi de dar azia em poste!
e olha só: não é difícil se posicionar, embora se corra o risco de ser taxado de reaça por pessoas absolutamente reacionárias. para muitos de nós, latino-americanos "jovens e pensantes" (e ideologicamente sequelados), só sobraram dois neurônios pra contar a HISTÓRIA: o che e o teco.
rodrigo, dá uma olhada nesta entrevista:
ResponderExcluirhttp://www.cartacapital.com.br/sociedade/nao-creio-que-em-cuba-haja-socialismo-diz-yoani-sanchez/
abc,
rods.
muito boa a entrevista, rodolfo. impressionante a lucidez da yoni. a lucidez e a serenidade.
ResponderExcluirtbm me chamou a atenção a bateria - algo desesperada - de perguntas feitas pela jornalista da "carta capital". nitidamente, é alguém que tenta se agarrar com unhas e dentes aos clichês mais repisados da situação política em cuba.
creio que existem direitos que devem ser inalienáveis. (e a liberdade de opinião e expressão é um deles.) não são direitos divinos nem naturais - segundo acreditavam os teóricos do absolutismo monárquico e john locke, respectivamente; são direitos humanos, inventados pelos homens, para proteger-nos uns dos outros e para salvaguardar o indivíduo em face das arbitrariedades dos estados autoritários. inventamos esses direitos porque eles precisavam ser inventados.
me espanta ver artistas e pensadores (a começar lá atrás, por sartre) defendendo regimes que rarefazem insuportavelmente o ambiente intelectual, que cortam o próprio oxigênio de qualquer atividade intelectual: a liberdade de pensamento.
e dizer isso não tem nada a ver com defender os estados unidos - como a entrevistadora da cc parece a todo momento insinuar -, nem tampouco é uma defesa do "capitaclismo" e da fetichização mercadológica da vida.
como disse gullar numa entrevista recente (e como pensavam tanto hayek quanto keynes), o capitalismo é superior porque é produtivo, dinâmico, vivo, fruto de sonhos e pesadelos, da inquietude, da curiosidade, do desejo humano de prosperar; não é uma teoria de gabinete criada por um único filósofo. (platão estava errado: o sábio, o filósofo no poder é mais perigoso do que qualquer poeta.)
é verdade que o capitalismo, se ficar solto, totalmente à vontade, "suga a carótida da própria mãe" (gullar). se não houver quaisquer "freios e contrapesos" tbm econômicos, o capitalismo, como tantas vezes acontece, transforma o homem numa commodity mais desvalorizável do que a bauxita.
no entanto, o que muitos parecem não perceber é que, afora as absorções tópicas de noções ou reivindicações socialistas que revolucionaram o capitalismo por dentro, a democracia e as liberdades individuais são inconciliáveis com o fim da propriedade privada e da livre iniciativa. exceto pelos momentos eufóricos e incendiários - ou detonantes, nas palavras de yoani - das revoluções socialistas em seus primeiros momentos, o autoritarismo está desde sempre em seu DNA. o mesmo se dá com as revoluções religiosas radicais (o irã, por exemplo). é simplesmente impossível planificar espiritual ou economicamente uma sociedade sem suprimir liberdades individuais.
já o capitalismo, ao contrário, é um modo de produção mais do que uma ideologia, e portanto é muito mais adaptável e passível de autocorreções.
conceitos como esquerda e direita se tornaram realmente insuficientes para abarcar a complexa realidade do mundo pós-guerra fria. defender o socialismo (ir)real já não tem nada a ver com ser de esquerda. se tomamos a direita como a ala conservadora, aquela que deseja a todo custo e a toda força preservar o "status quo", então yoni sánchez está à esquerda, muito à esquerda de fidel e raúl castro.
abçs.
rodrigo, vc sabe que discordo no fundamental, mas concordo nos detalhes. é difícil diferenciar, na teoria, direita de esquerda, mas na prática fica fácil. e o governo castrista é - hoje - de direita, sem dúvidas.
ResponderExcluirsobre o ativismo de yoani, tenho muitas reservas, embora louve sua lucidez e coragem.
estive em cuba (com a grana daquele premio literario fui molhar minhas canelas nas águas mais azuis do mundo)e o breve contato - 15 dias - fez mudar muito minha opinião. nem tudo é inferno, como pinta a mídia internacional, nem tudo é paraíso, como reza a ladainha de nossa esquerda envelhecida: é tão difícil ficar rico em cuba quanto morrer de fome.
mas o certo é que um estado socialista (e não um governo socialista) pode e deve manter uma economia de mercado - o que é diferente de um estado capitalista que não impõe limites à acumulação. é neste sentido que eles estão apontando, fazendo o movimento contrário dos países europeus: descontruirão o socialismo para construir uma social-democracia. embora saibamos que a democracia ocidental está longe, muito longe de cuba.
o problema do estado cubano, você saberá, é a dificuldade de produzir riqueza, não por falta de capital (o estado é o grande capitalista), mas por falta de um mercado interno e tb por causa das relações comerciais internacionais travadas pelo embargo ianque.
além disso, a democracia que eles conheceram, com assembléias de bairro, comunitárias, e mesmo aquela interna ao partido, ruiu-se com a pobreza e a corrupção. com isto, o unipartidarismo, além de perder sua eficácia, perdeu legitimidade.
mas o mais sério é isto: como manter a independência política ao lado do império? como não ser haiti (miserável) ou porto rico (protetorado)?
o regime só se manteve porque, ao longo de toda a guerra fria, em que o o ocidente financiava o bem-estar ianque, ou do neo-liberalismo dos anos 80 e 90, em que os estados nacionais latinoamericanos foram desmontados, o povo cubano desejava independência.
os anos passaram, e só independência não bastou, como se vê. o povo deseja produzir riqueza e dela gozar. este é o momento cubano: produzir riqueza, melhorar de vida. retomar a riqueza dos anos 70.
o estopim da pobreza foi o dito período especial, que vai de 90 a 94 (vide juan-pedro gutiérrez - la trilogía sucia de la habana).
o governo está reformando a economia e os códices civil e trabalhista. em alguns anos veremos o resultado.
mas o que desejamos - e aí fazemos coro com yoani - é que a democracia chegue logo em cuba, mas que com ela não venha a perda de soberania. vamos ver como os caras (a geração cubana que é nossa conteporãnea) resolvem esta parada.
bom, a conversa poderia ir longe, mas estou escrevendo à medida que penso, e o mais provável é que as idéias fiquem desconexas e abundem as imprecisões.
de todo modo, devo dizer que concordo com a tese de que a propriedade privada esteja diretamente ligada às liberdades individuais não materiais (liberdade de pensamento e expressão, religiosa, de gênero e sexual, liberdade de ir e vir, de morrer). mas devemos encontrar mecanismos (por dentro e por fora do estado) para evitar descompassos entre a riqueza material dos indivíduos: a acumulação infinita (estou falando em bilhões de dinheiros) é tão tirana quanto um estado senhorial.
abc
r.
com certeza, rodolfo. a alemanha oriental era o paraíso na terra se a compararmos à inglaterra oitocentista. o capitalismo, quando desregulamentado e selvagem, pode produzir distorções absurdas e perigosas. no entanto, é o menos pior dentre todos os modos de produção das sociedades complexas (modo de produção asiático, feudalismo, mercantilismo absolutista ou socialismo). simplesmente porque dá margem à mobilização individual ou coletiva para produzir, por mais penosas que sejam, mudanças significativas.
ResponderExcluiro socialismo – que, aliás, nem existe mais – era um equívoco completo. um xifópago batendo suas duas cabeças: a ineficiência econômica e o autoritarismo político.
quanto aos seus comentários, quero fazer duas ressalvas. em primeiro lugar, é fato que em cuba dificilmente se morre de fome. isso, porém, tbm é verdade em países como a suécia ou a coreia do sul, países capitalistas e democráticos, além de ricos, livres e modernos. além disso, a ausência de famintos pelas ruas não é um atributo do socialismo; pelo contrário: dezenas de milhões de pessoas morreram de fome na china, no camboja e na coreia do norte comunistas.
tbm discordo da suposta independência de cuba durante a guerra fria. cuba era totalmente dependente da união soviética, o outro império - a tal ponto que fidel castro aplaudiu, como nos lembra yoani, a invasão da república tcheca que pôs fim à primavera de praga. O regime cubano era sustentado militar e economicamente por moscou – além dos armamentos, comprava petróleo subsidiado e vendia seus commodities a preços bem mais altos do que os praticados. cuba foi dependente do império soviético como o brasil, por exemplo, jamais dependeu dos estados unidos.
para mim, é clara a razão principal para o apoio ainda existente (e apaixonado) ao regime castrista. não tem nada a ver com a educação ou a medicina universal e relativamente boa, não tem nada ver com a ausência de pessoas famintas. o que excita as pessoas é o enfrentamento dos estados unidos. esse é um típico caso em que o mito – davi e golias etc – tornou-se bem maior do que a realidade. a aura heroica da revolução ainda seduz muita gente boa, que acaba perdoando a um regime ditatorial suas inúmeras violências. me parece ser essa a razão para que a repórter da cc pergunte, quando yoani falava sobre as violações de dtos humanos em cuba, o que yoani pensa das violações de dtos humanos em guantánamo. é muito louco ouvir isso! quando grande parte da esquerda se vê diante desse grande impasse que se tornou cuba, essa unha encravada da ideologia, tende a partir para a defensiva, caindo na velha mentalidade binária e maniqueísta. “ah, mas e os estados unidos!...” é como se condenar a ditadura cubana fosse automaticamente aprovar tudo o que os EUA fazem pelo mundo...
torço, como vc, por mudanças naquele país, por um choque democrático e pela abertura. e tbm acho que o embargo econômico, além de cruel com o povo cubano, tornou-se uma contraproducente estupidez. o embargo é o principal cavalo de batalha retórico para justificar a visão paranoica e megalomaníaca do regime castrista.
a conversa é longa mesmo, rodolfo. podemos marcar um café qq dia desses para conversarmos mais e melhor. postei a “boutade” acima porque fiquei horrorizado com o que alguns militantes fizeram com a yoani aqui no brasil. em alguns lugares, não a deixaram falar ou lançar seu livro. um absurdo, cara! lembrou o que a SA nazista, nos anos que antecederam à ascensão de hitler, costumava fazer durante os comícios do partido comunista alemão.
apos pesquisar um pouco, e devido a minha falta de opiniao formada no assunto (nem sempre uma virtude), um dos textos mais esclarecedores (ou nao rs) q encontrei foi o seguinte: http://200.169.104.103/news/view/_ed735_a_intolerancia_recepciona_yoani_sanchez
ResponderExcluircircula no youtube um video em q, por nao ceder a pressao para assinar papeis q nao tinha a menor obrigacao de assinar, sugere-se q yoani seria a favor do bloqueio dos eua, ao passo q ela mesma, salvo engano, diz ser contra, por ser a principal desculpa para o fracasso economico de cuba.
abraco.
bacana o texto, otávio. é isso aí. foi um troço armado, teleguiado, com a participação de ratinhos leninista-pavlovianos...
ResponderExcluirfoi de dar azia em poste!
e olha só: não é difícil se posicionar, embora se corra o risco de ser taxado de reaça por pessoas absolutamente reacionárias. para muitos de nós, latino-americanos "jovens e pensantes" (e ideologicamente sequelados), só sobraram dois neurônios pra contar a HISTÓRIA: o che e o teco.
abçs.