p. terence keller
asa nisi masa
asa nisi masa...
(apenas o que basta
para que
no gesto automático e desatento
sejamos assim meio carlito
ou para subirmos nas árvores
loucos de tanto tempo
clamando: quero uma mulher!
as maravilhosas mocreias de fellini, ah!
sobretudo as mocreias: saraghina
no peito do bon-vivant uma crise
nos peitos da dona da tabacaria
no destino da prostituta
a desilusão
e nos olhos do falsário
um remorso
em vinhedos e ciprestes da rimini
insular quase, onde o tempo quebrou
e o adulto traja calças curtas
a infância
é feita de bronze e pátinas
e padres e comunistas e devotos e foliões
e continua, continua
porque a infância
eu a invento enquanto lembro
tudo é a mesma, vária qual a vida
tapeçaria de sangue
e celuloide
nos casamentos e fugas e traições e suicídios
no intelectual pendurado como mussolini e roda
roda a ciranda da vida
nos haréns, procissões, carros e estrelas de cinema
e na fontana di trevi e na lua azul
como um cavalo preto ao luar
roda roda a ciranda da vida
no espancamento e na loucura, nas fatuidades
e no directore da orquestra
e nos parlapatões histéricos
como macacos com navalhas
em agradecimento
pois que começa ou finda o espetáculo
vejam o que dizem: é bom estar vivo!
é bom estar vivo!
todo eu sorrio, vesúvio, vindima
velo o corpo de passarinho
de cabíria ou gelsomina – a cabeça de alcachofra
e se choro ao ver zampanò, espantalho de hércules, chorar
durmo após nas areias, bêbado, ao espraiar que acarinha
e quebra os cabelos
gira gira num moto-contínuo de cimento e sonho
a ciranda
e o morto ressuscita
num jogo de cena
de manhã, sempre haverá
um trem que parte, uma nave que vai
rumo às cidades, rumo a qualquer parte
ruma
a vida reinventada)
os filmes de federico
são apenas filmes
e assim mesmo
sabem ver
por minhas retinas
a lona
– precária invisível –
entre todo céu
e cada homem
Nenhum comentário:
Postar um comentário