quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

mãos #2



mesmo que minha língua
fosse cortada pela
lâmina da lua crescente
e jogada ao chão, coberta
de formigas
como num delírio de lynch

mesmo que minha alma
fosse arrancada para
cobrir os pés de hades
ou a usasse perséfone 
como um xale

e meu coração
extraído
pelo bom-senso dos necropsistas
esquecido em frigorífico
atirado à pira
,

restariam minha mãos
imarcescíveis

restariam
ainda

para erguer teu corpo acima
das mortes
de todas as derrotas

como uma bandeira obscena

7 comentários:

  1. contra-indicação:

    para quem não conhece o exagero,
    este poema pode ser exagerado.

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  2. para um blog às moscas, este é bem visitado, não?

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  3. Também achei bem visitado para um Blog às moscas! risos
    Andréa

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  4. oi, andréa. legal vc por aqui.
    tomei a liberdade de considerar a todos nós moscas de padaria.
    gosto do som e da ambiguidade: "às moscas" pode se referir a um lugar abandonado (a poesia?), ou dedicado àqueles(as)que, obstinados e monomaníacos, continuam voltando.
    os poetas somos "da família das moscas teimosas". é tudo que sabemos.

    versos que li ontem. alberto martins (do livro "em trânsito"):

    "esta reserva de pobreza
    é uma promessa de alegria"

    abraço.

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  5. Rodrigo,
    Gostei da argumentação e dos versos de Alberto Martins ( não conheço! vou procurar saber mais sobre ele...).
    Ah...e vou trocar o nome do blog lá no Simultaneidades. :-)

    Abraço,
    Andréa

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