um relâmpago e após a noite! – aérea beldade,
e cujo olhar me fez renascer de repente,
só te verei um dia e já na eternidade?
bem longe, além, jamais provavelmente!
baudelaire, a uma passante
PS – não vou te rever
na eternidade,
porque a eternidade
não existe.
a menos que apodreça
como qualquer fruta ou
palavra* – * (a palavra “primavera”
espinha de peixe também apodrece)
se esbatendo na
margem, ossada
que, quase de manhã, enterra-se
na floresta –,
a menos que apodreça
como qualquer
amor
ou bicho.
a palavra não é o formol
da eternidade.
a palavra, cheiro forte e quente
de vida, também anuncia
sua morte.
mas quem sabe
te reveja
amanhã depois,
olhando
o pasmo da vida
num banco da santos andrade,
sentindo as árvores
esgalhadas crescerem,
os pombos ruflarem
no curso do sangue,
e eu,
à eletricidade do mesmo relâmpago
através da carne,
apesar de tímido, tire você
pra dançar.
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