![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRKCJVOUAWxdWEOLiDD3Fs7nL78F6s-cjF0Ud-nKb3g3TZtc4x1IxIrLG5XWWDT_6Qvhk2CwF0XIzE5MBqtTBU7fgSrmt1SAGg5y90k8p1QVZk8XiiyUU7-joDQQ8KIF-unONx_vYMhSY/s748/thumbnailCAYC2NNY.jpg)
segunda-feira, 4 de junho de 2012
age de carvalho
A CADELA
Caminhava grave pela casa
a cadela.
A cabeça quieta era sua altivez
quadrúpede no centro da cozinha.
Caminhava. Os olhos, as costelas,
o mar de ossos, o coração
pardo e lento – caminhava.
A manhã debruçava-se pela janela: cristais no pó,
o púcaro da china, horas de louça
batendo nas palavras na sala da casa.
A cadela caminhava, dura,
secular.
(Domingo dormia
prolongado como um funcionário feriado).
Vivera demais. Descansava à sombra,
perto do quarador.
Sonhava farta, invisível,
a cadela azul,
nua
(o sexo velho e molhado,
um caranguejo arcaico sob o rabo).
Dormia, vazia.
Outubro doía longe, na Ásia,
quando a Fuluca anunciou: "A Catucha morreu".
AGE DE CARVALHO
Assinar:
Postar comentários (Atom)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHbXnMFZXeWkPY3BooiMt1DBaD80xzN8kd4aPSPSxbXM73hKwDPFEfH6YmZRZheRvzxGlXKyh3D5FXq9o8XT08jCxKfA4feKowd7oOrvFmyitDC6HYHYw7Ppuk_BNcmIwrUw3ho_Vh4Ns/s250/dead_flies_141.jpg)
Nenhum comentário:
Postar um comentário