terça-feira, 11 de dezembro de 2012

I - Soneto a uma mulher desiludida

                              
EDWARD HOPPER, summer interior (1909)  


   









                                                               
Se o amor bater, bater a tua porta,
abre, abre gentilmente tuas pernas.
Quem ama assim, na cama, jamais erra,
e estás desiludida mas não morta.

Se bate quem é feio, pouco importa;
recebe qual recebe uma cadela,
declara-te no rabo, dando trela,
ao dono que da lida exausto volta.

Se o amor acaba mas a vida segue,
aos homens, tão tarados, não te negues,
àqueles que inda chovem na tua horta.

Dá, dá, dá mais do que chuchu na serra:
quem ama assim, sacana, jamais erra;
aos homens que te chegam, abre a porta.


* primeiro de 6 sonetos da seção O xifópago aconselha 
(do livro de poemas putanheiros Xifópago e libertinas - inédito). 

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