domingo, 24 de novembro de 2013

BR-277

                        
E como ela chupasse a minha pica
à beira da BR, em um banheiro
imundo, e a luz na espécie de igrejica

filtrada pelo vidro, o abacateiro
roçando os basculantes gentilmente
ao vento então às rédeas do janeiro,

e como ela chupasse sem os dentes
que nem uma banguela muito avinda,
enquanto uma das mãos, ah!, aliciente,

lustrava minhas bolas na berlinda,
a pícara cigana que previa
o que há de vir da bica, água bem-vinda,
                     
e ao fundo aves em bando, a algaravia
mesclando-se ao barulho da chupeta,
o som que faz o ralo de uma pia,

e a mão desocupada na buceta,
porque também ficava enlouquecida,
um pasmo inseto em face de violetas,
                                             
e como ela chupasse, bem bandida,
entrefalando coisas cabeludas,
puxei, gentil, cabelos como bridas,

meti garganta adentro na tesuda
e fui ao mais sonhado por escribas,
mas burro, enceguecido e sem bermuda:

nel mezzo del cammin Foz-Curitiba,
a máquina do mundo arreganhada
na perva que não ama e sim me liba,
        
a coisa toda oferta e revelada,
que não requer sentido a puta vida
se a boca espera aberta uma golada.
                                                            

Um comentário:

  1. Fazia tempo que devia uma visita -- gostei da fase pornoerótica -- deixo um alô neste que está bem urdido, e fudido --

    com felicitações,

    Ivan

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