segunda-feira, 5 de março de 2012

uma espécie de gregor samsa

                                                      

         
     
a noite lá fora é distinta
da noite maníaca e cheirosa dentro da xícara.
mas a aranha a passear os móveis, mas os grilos
que parecem saltar dos meus bolsos  
nivelam (ou não nivelam?) as duas noites.

então imagine que fosse
pó de café a própria terra, insone de insetos,
e que fora coado com terra, inchada de sombras e barulhos,
o café na térmica.

é o mesmo o princípio
da cafeína e dos grilos.

a xícara, com sua borra de açúcar, dorme dorme
profundo
(só quando se quebram
as coisas por um instante despertam).

partido em cacos,
sorvi toda a noite das xícaras:
é bem possível que eu não durma.
vou latejar na madrugada como uma estrela e um inseto.
                                                                

4 comentários:

  1. muito bom! muito bom!

    seu estilo está se diversificando, parece!

    rp

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  2. Adoré, descompuesto-compuesto-descompuesto y encerrado dentro de un insecto.

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  3. Cheguei até aqui através da Marilia Kubota. Gostei demis do blog e da tua poesia. Estou linkando no Longitudes, ok? Abraço!

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