domingo, 11 de novembro de 2012

pablo neruda

                             

CONSTANTIN BRANCUSI, musa adormecida (1910)


                                           
SONETO XVII

Não te amo como fosses rosa de sal, topázio
ou a flecha de cravos que propagam o fogo:
eu te amo como se amam certas coisas escuras,
secretamente, aqui, entre a alma e a sombra.

Eu te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculto, o lume daquelas flores,
e o difícil aroma desprendido da terra,
graças a teu amor, vive obscuro no meu corpo. 

Te amo sem saber como, nem quando, nem de onde,
te amo diretamente sem orgulho ou problemas:
assim te amo pois não sei amar de outra maneira,

senão assim de modo em que eu não seja ou sejas,
tão próximo que tua mão em meu peito é minha,
tão perto que se fecham teus olhos se adormeço.   
       
versión: r.m. 

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