quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
lanterneiro
é verdade,
a vida é um troço de doer.
dói, meu caro,
dói, sim senhor, dói
como um guarda-chuva aberto
no estômago,
como uma ave emplastrada de petróleo,
como um galo no ártico.
dói como talvez doessem as pevides
dentro da fruta,
como dói o corpo dentro do quarto,
como deus na eternidade
das coisas que não existem.
atino em eufórica
sensação de escombro:
mais importante que ser feliz
é estar vivo!
e não obstante sermos –
entre a dor da morte
e a dor
do parto –
este buquê de dores,
jamais aceitaremos
o éter na veia,
o vaso de águas enfermiças,
a roça de lápides e relógios,
o sorriso sarcástico nos pulsos.
nossas vísceras são focos de incêndio.
e se em algum lugar
de nossa carne transparente
erguermos uma nave e um rito,
não o faremos para o sofrimento,
e sim para que, antes
de nos espojarmos nos degraus,
brindemos
a nossa próxima
alegria
(sol sem pálpebras, 2007)
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