terça-feira, 8 de maio de 2012
ENCHAM-SE os forros da lembrança.
existam!
traia-se à maturidade
a verdura da infância.
a menina é arrancada do chão,
antes da escola,
da igreja, do trabalho,
dos carros e contas
e casamentos,
dos tribunais, asilos
e cemitérios,
como flor guardada
dentro de um livro
– enquanto a outra cresce,
adultescendo
pouco a pouco.
nunca mais a vi.
segurei-a nas palavras o que pude,
com minhas mãos
(as mesmas quando
de manhã na lâmina)
estropiadas
de ternura
e espanto.
não é apenas saudade,
menina,
é infânsia.
* trecho final do poema "as crianças #2" (pássaro ruim, 2009)
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