quinta-feira, 16 de maio de 2013

maría elena walsh/ mercedes sosa

                      
     
    

(versãozinha super livre)


COMO UMA CIGARRA

Tantas vezes me mataram
Tantas vezes eu morri
E no entanto estou aqui
Ressuscitando
Eu dou graças à desgraça
E à mão com um punhal
Porque me matou tão mal
E segui cantando

Cantando ao sol como uma cigarra
Depois de um ano embaixo da terra
Igual ao sobrevivente
Que volta de uma guerra

Tantas vezes me apagaram
Tantas desapareci
A meu próprio enterro eu fui
Só e chorando
Fiz um longo e triste aceno
Mas depois eu me esqueci
De abandonar-me ali
E segui cantando

Cantando ao sol como uma cigarra
Depois de um ano embaixo da terra
Igual ao sobrevivente
Que volta de uma guerra

Tantas vezes te mataram
Tantas ressuscitarás
Quantas noites passarás
Desesperando
E na hora do naufrágio
Da total escuridão
Alguém te estenderá a mão 
E seguirás cantando

Cantando ao sol como uma cigarra
Depois de um ano embaixo da terra
Igual ao sobrevivente
Que volta de uma guerra

         
maría elena walsh (1930-2011)
                             

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