quarta-feira, 24 de agosto de 2011

in memoriam


Poeta-samurai Leminski também era tradutor múltiplo, monge inciante e professor de história - Carlos Zanello/Reprodução


p. leminski


o poeta
           pulava abismo
de cima pra baixo
           de versa-vice

se fôlego falta
           viramos asa

: minto!

se o navio do vento
no tempo encalha
           o sapo salta
seu último salto
           e cai como a neve
           em 75

***

(cairá para sempre aquela neve
de 1975)

***

última meta
morfose
         meta
poética:

a neve o sapo o poeta
depois
         da queda
        
         repousa
sereno e breve
         nas folhas
das folhas
         de relva
     

                  RODRIGO MADEIRA E LU CAÑETE
       

2 comentários:

  1. bashô o walt whitman?

    muito bonita a dupla homenagem da dupla!

    rp

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  2. valeu, dom pozzo.

    pois é...
    e se o título fosse
    "sapo de walt whitman"? hehe

    na verdade, o título original deste poeminha é "p. leminski" - e só. deixamos "sapo de bashô" porque tz ficasse nebulosa a tal menção ao batráquio.

    o poema acaba fazendo referência e reverência a dois caras fundamentais na poética leminskiana,
    ambos estudados e amados por ele.
    leminski tinha uma alma meio bizantina, era uma espécie de "entreposto cultural": nele se encontravam para o comércio imaterial da poesia - e com gozo zen-carnavalesco - as tradições poéticas do ocidente e do oriente.

    abç.

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