tiago 3;5
un silence profond régne dans cette histoire
alfred de musset
p. marília kubota
a língua é fogo, forno,
mas não se gaba de grandes coisas.
a língua é fogo, forno
e silêncio coagulado.
não quer ser leme nem cabresto,
sexo de arcanjo, relógio ou alicate.
antes, entoca-se
no recesso da boca
e dá cria
e lateja e se obseda
e não diz.
ou diz:
a língua é uma única
palavra
(Deus, inseto?),
congestionada de insônia
e pontas de cigarro, entortada
em milhões de maneiras.
a língua é espessa
como minhas mãos.
uma gata siamesa
me ensinou
como não disse:
a poesia é feita de palavras,
mas (pele e estranheza,
calografia)
se aproxima mais do silêncio
que da fala.
Língua, por que você se disfarça de idioma?
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