terça-feira, 31 de janeiro de 2012

nick lowe e johnny cash

                                       


A BESTA EM MIM

A besta em mim
Por fracas e frágeis grades presa
Incansável faça sol ou anoiteça
Rasca e ruge contra as estrelas
Que Deus ajude a besta em mim

A besta em mim
Teve de aprender a lamber a ferida
E se abrigar das chuvas repentinas
E talvez num piscar de olhos
Tenha de ser contida
Que Deus ajude a besta em mim

Às vezes tenta enganar a mim
Parecendo um bichinho desdentado
E do nada se desfaz no ar parado
E é então que eu devo tomar cuidado
Com a besta em mim

Todo mundo já está avisado
Já a viram calçando meus sapatos
Sem que a gente saiba, eu e os outros
Se é Curitiba ou o Ano Novo
Que Deus ajude a besta em mim
A besta em mim

transplantation: rodrigo madeira
  
* cheguei a traduzir como "monstro" (beast), mas o duplo sentido da palavra "besta" é irresistível.


3 comentários:

  1. Bestial!
    Fiquei bestificado:
    a besta em mim (Namastê!)
    saúda a besta em ti, Rodrigo:
    que Dionysos te ajude, meu amigo!

    Com poetas assim,
    Curitiba perde por esperar seu fim...

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  2. Rodrigo Madeira,meu grande amigo e fantástico poeta...
    a besta é nossa!
    e ela é em você, é em mim e está em todas as feras que ousam dizer o sonho;a besta em nós se disforma lindamente nas pálpebras dos sóis,
    nas horas que se perdem, nos pés rotos de um Frankenstein qualquer.
    ah, a besta, feroz como um girassol! queda dos céus, na poesia hebraica de Lúcifer, ousa nas pegadas dos sapatos que calçamos, seja em Curitiba,São Paulo, Rio de Janeiro e em alhures do alhures de cada instante que a besta é nossa!

    T.S.

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  3. ô tullio, my beast friend, saudade grande de você!
    saudade daquelas nossas conversas de bestas quadradas e apocalípticas ali no bar mignon.

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