lá fora
a lua
de granada
(ou madrid?
ou ny?)
é um
candeeiro
a óleo
lá fora
as cigarras
são mais
numerosas
que os homens
e tu
lleno
del lenguaje
de flores y
piedras
sentaste
dentro da casa
ou estúdio
tu e o fotógrafo
cúmplices
da tarde
desenrolando
sua língua hirsuta
lá fora
(a fotografia
das vozes
que ninguém tirou)
tu sentaste
o corpo
oblíquo
o lenço
de pensado
retorcido
o restolho
sobre os lábios
a espiga do milho
mal
granado
as sobrancelhas
de urticante
líquido
o cabelo
marulhado
mar
de gordura
e graúnas
olhas
e sorris
para além
do 17 de agosto
aquela madrugada
madrugada
em que te mataram
tua carne cheia
de sementes
tu
– a lâmpada estoura
a égua dispara –
e teu cadáver
que o fotógrafo
embalsamou
de luz
* do livro "sol sem pálpebras" (imprensa oficial, 2007)
A saudade que em mim desperta o jogo das letras
ResponderExcluirprova como foi parte integrante de minha infância. O que busco nele na verdade, é ela mesma: a infância por inteiro, tal qual sabia manipular a mão que empurrava as letras no filete, onde se ordenavam como uma
palavra. A mão pode ainda sonhar com essa
manipulação, mas nunca mais poderá despertar para realizá-la de fato. Assim, posso sonhar como no passado aprendi a andar. Mas isso nada adianta. Hoje sei andar; porém, nunca mais poderei tornar a aprendê-lo. (Walter Benjamin)