segunda-feira, 9 de abril de 2012

gullar (II)

                   
ANTICONSUMO

Como vai longe o dia, Maninho,
em que a gente podia ser comum

Entre ervas burras, folhas molhadas de mamona
e salsa
a gente podia ser
simplesmente
nossas mãos nossos pés nossos cabelos
e o que queimava dentro
no escuro

Como vai longe o tempo como as águas
batendo na amurada
                              alegremente
como os peixes
vivendo no seu músculo
o mistério do mundo
 
                         
                          FERREIRA GULLAR

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