segunda-feira, 29 de outubro de 2012

rainer maria rilke/ trad. manuel bandeira

 
torso de apolo likeios (130-161 d.C.)


 














                                     
TORSO ARCAICO DE APOLO

                                           
Não sabemos como era a cabeça, que falta,
De pupilas amadurecidas, porém
O torso arde ainda como um candelabro e tem,
Só que meio apagada, a luz do olhar, que salta

E brilha. Se não fosse assim, a curva rara
Do peito não deslumbraria, nem achar
Caminho poderia um sorriso e baixar
Da anca suave ao centro onde o sexo se alteara.

Não fosse assim, seria essa estátua uma mera
Pedra, um desfigurado mármore, e nem já
Resplandecera mais como pele de fera.

Seus limites não transporia desmedida
Como uma estrela; pois ali ponto não há
Que não te mire. Força é mudares de vida.
                                                                                                     

Nenhum comentário:

Postar um comentário